Com o objetivo de mobilizar juventudes de tradições cristãs das regiões metropolitanas de Recife e Fortaleza, a Diaconia realizou o lançamento da 10ª campanha Jovens Proclamando Justiça. Neste ano, “Os fundamentalismos não passarão” foi o grito motivador dos encontros com as juventudes a fim de despertar e encorajar os grupos de diferentes grupos e coletivos para promover iniciativas que promovam a justiça e o enfrentamento aos fundamentalismos em seus territórios.
“O tema deste ano tem relação direta com as lutas atuais das juventudes. O fundamentalismo atualmente tem adentrado espaços políticos e sociais como a cultura, a economia, e projetos de governos com posturas ultraconservadoras. Dentro desse contexto, historicamente, os grupos marginalizados sofrem com os agravamentos com políticas de retrocessos em seus direitos, além do aumento dos impactos ambientais, do racismo religioso, das manifestações de ódio sobre as pessoas LGBTQIAP+, mulheres, povos originários e a criminalização das juventudes”, afirma Kezzia Cristina, coordenadora da Diaconia em Fortaleza. E enfatiza: “As juventudes são grupos sociais diretamente impactados por esse ideário, mas também são grupos, dentro das tradições religiosas, mais disposta a debater, entender e enfrentar os fundamentalismos. Nesse sentido, a Diaconia tem mobilizado as juventudes cristãs para o engajamento na campanha com produção de narrativas de enfrentamento, ocupando as mídias sociais e dizendo para o mundo que as juventudes resistem e os fundamentalismos não passarão”, conta.
Esther Souza, historiadora e coordenadora da Pastoral da Negritude Rosa Parks da Igreja Batista em Coqueiral, participou desde a jornada, que aconteceu em Fortaleza, até o encontro da campanha, em Recife, e fala sobre a importância do engajamento da juventude. “Estar presente em mais um lançamento da Campanha Jovens Proclamando Justiça foi muito revigorante. Como já falei outras vezes, a Diaconia tem uma participação importante na minha trajetória enquanto cidadã e cristã. Segundo, porque o tema desse ano não é apenas um tema, mas sim um chamado à proclamação de um lugar cujo a justiça, a paz e a alegria são as pedras fundamentais. Meu território é acometido de muitos problemas estruturais que têm os fundamentalismos como influenciadores, então creio que a partir de conversas com os e as jovens da comunidade conseguirei levar o tema adiante”, conta.
Integrante da Obra Kolping do Ceará, Edinaldo Felipe também participou de ambos os momentos e conta sobre sua participação. “Para mim foi gratificante e nostálgico participar da jornada e do lançamento da campanha. Faz um tempo que não nos reunirmos para discutir assuntos relevantes. O tema “Os fundamentalismos não passarão” é muito importante para dialogar com as juventudes que estão em processo de construção e são conduzidos/as por lideranças fundamentalistas. No momento de culminância em Fortaleza discutimos fazendo aprofundando no texto bíblico e buscando a realidade dos movimentos onde que ainda estão fragilizados depois de um desgoverno”, afirma. E continua: “Precisamos nos fortalecer e é muito importante essa campanha ser difundida com outros grupos. Como diria Gonzaguinha "Eu acredito é na rapaziada que segue em frente e segura o rojão’.
Luana Batista é outra jovem que também faz parte da obra Kolping em Ceará e participou do lançamento da campanha pela primeira vez. “Foi um momento muito bom, pois refletimos à luz da reflexão bíblica no texto de Paulo, trazendo para nossa realidade nas comunidades. Falamos sobre como hoje a Juventude ainda é criminalizada em seus espaços e silenciada até mesmo nos movimentos sociais e na igreja, devido aos fundamentalismos”, conta.
Adriel Santana, da Igreja Batista em Coqueiral, afirma que a campanha é essencial para além de proclamar justiça, mas promover vida. “Venho participando desde a jornada preparatória para a campanha que se mostra tão necessária para as juventudes atualmente. Proclamar a justiça é promover vida. Vivemos tempos no Brasil em que os fundamentalismos se repercutiram em casos de violência e até em morte. Discutir e levar isso para o meu território é levar esperança e vida para que a gente entenda o que, de fato, não deve passar e aquilo que deve voltar para o nosso debate, para nossas pautas enquanto juventude em Recife”, afirma.